terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Poda predatória

     Um fato tem me chamado a atenção nos últimos dias: a forma com que Venâncio consegue se mostrar parada no tempo em diversos aspectos. Poderia vir aqui falar dos precários investimentos em cultura {cinema, teatro, áreas de interação social), ou da monotonia que é viver em uma cidade onde, como diz um amigo, "quem veio (visitar) uma vez, veio todas", Nada muda nesta cidade. Está parada no tempo. É um tédio só morar aqui, e a minha opinião é geral.
     Mas há um assunto que urge em ser debatido. Quem anda pelas ruas da cidade vem se deparando com árvores mutiladas, desfiguradas por conta da poda. Qualquer bom observador verá que o processo de recuperação da árvore será muito árduo, podendo ocasionar a morte por conta das feridas expostas ao tempo. A poda é um processo cirúrgico que deve ser feito apenas em casos extremos e em lugares estratégicos que permitam a cicatrização. A ferida deve ser isolada com tinta a óleo, e nos casos em que já houver apodrecimento avançado, deve ser preenchida com cimento, para que não continue a apodrecer. Para que não seja necessária a poda de galhos grandes é importante que a planta seja acompanhada desde pequena, sendo condicionada através da remoção de galhos da grossura de um lápis. Porém esse é um trabalho muito técnico, de difícil aplicação, que costumeiramente não é feito. Pois que ao menos façam direito depois!
     Os ignorantes que andam podando as nossas árvores (sem nem ao menos consultar os moradores da rua antes) estão fazendo tudo errado. Aparecem com suas moto serras e cortam tudo o que estiver perto da fiação de luz, do jeito que for. Estão matando as nossas árvores! O corte deve ser feito rente ao tronco, ou aos galhos principais da árvore, não deixando tocos pela metade (que só irão apodrecer com o tempo). Seria algo como um cirurgião que deixa exposto o osso de uma pessoa. A ferida nunca irá cicatrizar. As podas que andam sendo feitas não deixam chances para a árvore. Ela literalmente apodrece viva. Além disso o corte "em cunha" que vem sendo feito tira todo o equilíbrio natural da árvore. Se não morrer por conta da poda, cairá com ventos fortes. Isso sem falar das dezenas de ingazeiros e outros tipos de árvores carregados de frutas que estão sendo dizimados, ou de quando praticamente removem toda a copa da árvore (essas que quando começam a apresentar brotos novamente parecem vassouras de ponta-cabeça). Já na década de 1970, José Lutzenberger - agrônomo porto-alegrense conhecido mundialmente, Nobel alternativo da paz, - alertava para os males da poda feita da forma errada. Na Porto Alegre do fim do século passado esse tipo de prática vinha matando diversas árvores, e a única solução encontrada para conter esse crime foi convidar o prefeito em pessoa para ir ver o que estava acontecendo. Após o passeio o prefeito decidiu abolir a poda na cidade,
     E não precisa amar as árvores para sentir os males da poda. Basta sair para caminhar no sol escaldante desta cidade por alguns minutos para ver a importância que elas têm na nossa vida. Tornam o ambiente mais agradável, fresco e arejado.
     Os administradores da nossa cidade mostram uma completa ignorância em relação à população. A questão ambiental é apenas um dos pontos. Se aparecerem na sua rua querendo estraçalhar suas árvores, empeça-os. Porque se depender da administração responsável...
Autor: Cássio Rabuske da Silva - Acadêmico do curso de História da PUCRS. cassiofayer@hotmail.com - publicado no jornal Folha do Mate em 14/02/2008, pg. 4
Postado por: Wilson Junior Weschenfelder


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