sexta-feira, 6 de julho de 2007

Área residencial nas margens da sanga

Um dos mais antigos moradores do bairro, o aposentado Victor Jorge Schuck, 80 anos, é simples e objetivo quanto ao papel que a Sanga do Cambará tinha há algumas décadas: .A sanga era um simples córrego que separava campos e as propriedades desta área. Com certa dificuldade, devido a um derrame, o aposentado recorda que num dos pontos a sanga fazia o limite da propriedade do seu pai com a da família Costa. Aqui era um grande campo, usado para pastagem. Meu pai, que morava na rua Júlio de Castilhos (Centro), trazia os animais para pastar neste campo. Aqui, onde está minha casa (na rua Coronel Vila Nova esquina com a Barão do Triunfo) ficava a porteira., lembra Victor.
Com o passar dos anos, áreas foram vendidas e moradores se estabeleceram nas margens da Sanga do Cambará. Diante das constantes inundações, o córrego acabou sendo retificado e canalizado. Em vários pontos o canal passa debaixo de casas e de vias públicas, como na rua Silveira Martins. Antes da canalização, segundo Victor Schuck, a passagem das pessoas era feita em vários pontos por pinguelas. Muitas pessoas perderam área com as obras. Eu nunca recebi nada de indenização, recorda o morador.
Na opinião de Maria Delci de Oliveira, 67 anos, a canalização trouxe tranqüilidade para os moradores e incentivou novas construções. Era só ficar nublado que começavam as preocupações.
No meu comércio, a água da sanga entrou várias vezes, conta Maria, que manteve um bar por 28 anos na esquina das ruas Silveira Martins e Barão do Triunfo.

Autor: Renê Ruppenthal - Folha do Mate (edição n° 3426 - 29/06/2007)
Disponível em: http://www.folhadomate.com.br/arquivos/pdf/8623.pdf

Nota do Wilson: A retificação e a canalização de sangas, córregos, etc., pode, momentaneamente, beneficiar a população ribeirinha, mas a médio e a longo prazo, com o aumento da área urbana e de construções de casas e pavimentações, surgirá novamente o problema. No caso da Sanga do Cambará, com a construção de moradias e de indústrias sobre o canal, como será realizado sua ampliação?? Terá que destruir tudo?? Como o excesso da água será drenada?? Será que deverá ser bombeada por cima das casas?? Este problema será "O Caos Ambiental" de Venâncio Aires no futuro (creio que nos próximos anos), pois não haverá como escoar a água da chuva das áreas mais distantes, como dos bairros Cidade Nova I e II, do micro distrito industrial, etc., ou melhor, até poderá... mas somente com o investimento de alguns milhões de reais e, com certeza, a conta será debitado no bolso do contribuinte... novamente. Lembrem-se que as áreas ribeirinhas são consideradas áreas de preservação permanente (Lei Federal n° 4771/65) onde sua ocupação é regrada, restrita e a construção nestes locais são uma infração tratadas na Lei federal n° 9.605/98 (Lei de Crimers Ambientais) e demais legislações pertinentes.

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