sábado, 30 de junho de 2007

Realidades em conflito no Arroio Castelhano

     Reportagens veiculadas em nossa edição anterior mostram duas realidades sobre o arroio Castelhano em um ambiente de absoluto conflito. Primeiramente, a população recebeu a notícia de que a Corsan está realizando projeto para construção de uma barragem de acumulação de água naquele manancial. E que encaminhou pedido de recursos de R$ 32 milhões para a sua construção. Com dois objetivos importantes: garantir abastecimento para a população, e apoio a ações de irrigação para os produtores rurais.
    Já na contramão desta noticia, mostra-se a situação deplorável do arroio Castelhano, quanto a sua conservação no trecho entre a cidade e a sua confluência com o rio Taquari. As fotos da matéria demonstram como é possível ao ser humano causar danos aos mananciais que lhe garantem a vida. No trecho examinado, acumulam-se detritos originados da destruição da mata ciliar das margens do arroio e, ainda mais impressionante, quantidades volumosas de lixo urbano em seu leito. Assoreado pela falta de proteção de suas margens, atulhado pelo lenho depositado em sua calha, e com vazão dificultada pelo lixo, o mais importante manancial de água do município enfrenta dificuldades para sobreviver. Já causando a mortandade de peixes, cujos cardumes anteriormente eram fartos, como relatos de sua história, além de prejuízos a biodiversidade ali existente.
     No lugar de água limpa, à disposição da vida, o arroio Castelhano encaminha-se para um futuro sombrio, à espera de providências que possam remediar a sua situação atual. A população está, assim, diante de um conflito de realidades de seu maior interesse. De um lado precisa do arroio Castelhano para as suas atividades produtivas e para a sua própria sobrevivência como seres humanos. Do outro, assiste a degradação de seu manancial, em processo que já se arrasta por muitos anos, sem data para findar.
     Neste momento, é importante lembrar que o arroio já por quase duas décadas, é para Venâncio Aires a fonte de abastecimento de água potável, distribuída a sua população urbana, depois de tratada. E para que isto fosse possível os poderes públicos realizaram investimentos de mais de R$ 3,7 milhões. Valor superior a 10% daquele que agora se anuncia como necessário para a futura obra da barragem de acumulação, anunciada como indispensável para continuar assegurando este abastecimento. E não é demais enfatizar que mais da metade da população do município vive no perímetro urbano, com interesse direto nas obras. Daí a importância do arroio Castelhano e das medidas para a contenção de sua vazão, como a barragem já construída próxima a cidade, e daquela futura para a acumulação de suas águas, ainda em fase de projeto e busca de recursos.
     Conservação dos recursos hídricos é responsabilidade do setor público. Recuperação das agressões que sofrem, dependem de licença dos órgãos ambientais para que se tornem possíveis. Destruição das matas ciliares dos cursos de água, e poluição de seu leito por lixo urbano, é outra etapa das providências, exigindo a identificação dos responsáveis. Neste conjunto de iniciativas é que deve prosperar o trabalho de recuperação do arroio Castelhano, especialmente naquela parte apontada como profundamente degradada. É importante lembrar que embora tendo a sua nascente, no município de Boqueirão do Leão, o arroio Castelhano tem a sua extensão maior, e importância mais destacada para o município de Venâncio Aires, pelo grau de dependência deste com aquele manancial.
    Diante deste conflito entre o valor do arroio para a comunidade, e o seu grau de abandono e poluição, é por demais importante que obras de recuperação sejam iniciadas, o mais rápido possível, para que retome seu estado de pureza e regularidade
 
Autor: Folha do Mate (3ª feira, 24 out 2006 - ANO 34 - Nº 256)
Disponível em: http://www.folhadomate.com.br/interna.php?arquivo=_noticia.php&intIdEdicao=308&intIdConteudo=3617
 
Nota do Wilson: Vê-se que a comunidade está ciente das questões ligadas ao problema da água, do lixo e os conflitos ambientais.
 
Correção: As nascentes do Arroio Castelhano não são em Boqueirão do Leão como a notícia acima relata, e sim, em Linha Datas no município de Venâncio Aires. Assim, também, vemos que assuntos importantíssimos como a geografia local, muitas vezes, nem são conhecidos, assim, como espera-se que o município reaja frente às questões mais delicadas, de maior conhecimento, como a questão sócio-ambiental?


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